31.5.05


e muitas caras e bocas com 6 meses

preciso de um babador modelo burca sem bracinhos.

(acho que vou virar empresária do ramo e ficar milionária)

19.5.05

a maternidade me transformou numa comedora de restos, fumante de bitucas e cheiradora de peidos.

a mocinha fazendo charme pra mim. dá pra resistir?



e mais outras dos 4-5 meses

13.5.05

aprendo, logo existo

tudo na vida se aprende. desde pequenos a mãe ensina o necessário pra sobreviência do filho. e por muitos anos, senão a vida toda, continuamos aprendendo, na escola, no trabalho, nas relações. a perícia vem com a prática, com o acúmulo de experiência.

aí vc engravida e um dia simplesmente coloca pra fora uma pessoa. alguém que ainda nem existe em primeira pessoa, mas em "nós". e vc aprende a ser nós novamente. e é tão difícil a prática, pq vc é responsável pela sobrevivência e bem estar de outro, quando muitas vezes foi difícil dar conta de si mesma. é preciso aprender novas inteligências e habilidades, desenvolver métodos praquela experiência que é única, assim como cada um do nós. tudo pra que a comunhão aconteça e vcs possam ensinar um ao outro uma nova vida.

nunca aprendi tanto em tão pouco tempo e sei que ainda tenho um bocado de trabalho pela frente. e é o primeiro que gratifica na medida da minha dedicação e desempenho. a gratificação vem num par de mãozinhas suadas que passam pelo meu rosto. é o amor aprendendo a ser.

12.5.05

tenho pensado muito no meu parto. por conta de uma história de parto recente e muito triste, voltei a ler sobre o assunto e hoje me caíram algumas fichas. o meu parto, que foi natural porém não humanizado, até hoje me deixa com um bolo na garganta por não ter tido o prazer de parir com amor. pq dar a vida é, antes de mais nada, um ato de amor profundo.

fiquei mais de 20 horas em trabalho de parto, as últimas 10 internada. quando comecei a sentir as dores pensei: "graças a deus, que venha a dor da minha filha, ela está chegando e isso me faz feliz." nem achei que estivesse doendo tanto e fui pro hospital já com 4 dedos de dilatação. quando me deram a camisola de bunda estava animada, andava de um lado pro outro pra ajudar na evolução, rebolei muito a cada contração, suando feliz por achar que a dor é danada, mas a experiência é linda. tudo o que eu queria é que minha acompanhante e irmã de coração estivesse comigo, pra me contar umas piadas infames e me dar a mão quando a dor apertasse, mas não deixaram.

quando já estava cansada das muitas horas de dor, falta de sono e estômago vazio, me colocaram no soro para indução, e as contrações começaram a vir insuportáveis. em partos hospitalares esse hormônio é administrado algum tempo antes da anestesia, pq as dores aumentam muito a dor normal do parto, que já é a dor maior de uma vida. eu não sabia disso, ou não teria deixado que me colocassem no tripé (ou pelo menos tentado). quando me vi sozinha com essa dor veio o medo. um medo irracional, achava que não iria conseguir superar aquilo e gritei como nunca na vida. chorei e implorei por companhia, a barriga pesada, o corpo exausto e o coração acelerado. minhas químicas a mil, me sentia embriagada, fora da realidade, a única coisa verdadeira naquele momento era o medo da próxima contração, tão próxima que mal tinha tempo pra respirar. e o medo de parir numa maca de hospital, sem que alguém amparasse minha filha, pq já sentia ela descendo e estavam todos muito ocupados pra dar ouvidos àquela gestante apavorada que chorava e gritava de pavor. me diziam que eu tinha que me calar e suportar, pois meu trabalho de parto estava atrapalhando o das outras gestantes, me negaram o direito de lidar com meus sentimentos da forma como conseguia no momento. desprezaram a minha "covardia" e me trataram como se parir fosse como espremer uma espinha. tenho certeza absoluta que se eu estivesse acompanhada tudo teria sido diferente. teria sido tratada com amor e consideração no momento de trazer minha filha e me sentiria muito mais segura com o calor da minha irmã, que estava aflita lá fora, há mais de 10 horas, esperando notícias.

quando chegou a hora da sala de parto, chamaram-na e ela se assustou ao me encontrar acabada, acuada, tão diferente da mulher que ela internou. muito diferente da mulher que planejou por meses o parto e o desejava natural, mas com amor, calor humano e respeito. uma mulher que estava completamente despreparada pra ter como companhia deste grande momento outras mulheres também acuadas. mulheres que, como eu, lutavam com seus fantasmas. mulheres que mal davam conta de si mesmas, sozinhas na sua dor, nas suas expectativas e sonhos. mulheres a quem foi negada a simplicidade de uma mão conhecida pra apertar e sentir que tudo iria terminar bem.

o resto da história eu já contei, não vou me repetir. escrevi novamente sobre o parto indigesto pq finalmente tomei consciência da minha coragem. a coragem que tive desde a concepção da clarice. a coragem de não me abater e que me mantém em pé mesmo com as dificuldades cotidianas, que não são pequenas nem poucas. a coragem de olhar um futuro que construo com esperança e amor. a coragem de não cair, porque não posso mais me dar ao luxo de cair ou me revoltar. sou o fruto das minhas escolhas e tenho que fazer valer a pena essa vida que gerei, essa pessoa que está sob meus cuidados e quer ser feliz. meu parto foi somente uma passagem inglória e que me fez ver o quanto eu posso lutar e vencer. e isso, por mais infeliz que tenha sido, é meu e ninguém me tira.

há pouco saiu uma lei que obriga as maternidades públicas a aceitar o acompanhante na hora do parto. não é tudo mas já é bastante, é o mínimo que se pode fazer por alguém neste momento.

9.5.05

short cuts II

antes de mais nada, viva eu e viva minha linda, que me fez mãe e uma pessoa muito melhor nessa vidinha esquisita que a gente leva.

vem dentinho por aí, já tem mais de um mês que ela tá com a gengiva inchada e incomodada, mas essa semana tem mordido tudo com mais força e irritação. espero que venham logo e dê um alívio pra fofa.

e ela tá cada dia mais independente, agora coloco ela no sofá-ama na sala e fica um tempão brincando com os chocalhos e mordedores.

começamos com os suquinhos e papas de frutas e não tá sendo fácil. a mocinha gosta mesmo é de um belo par de peitos bem cheios de leite e essas coisas doces e frias não tão descendo muito bem.

esse final de semana uma tia louca insistiu que ela queria chocolate e eu, chocólatra que sou, não resisti e dei-lhe uma lasquinha. a danada, que de boba não tem nada, mandou ver, ficou com chocolate até no nariz e segurava a colher como se fosse a última bóia no naufrágio, super engraçado, tiramos até foto, depois publico.

cada dia ela se expressa melhor e com mais firmeza, é mais fácil pra mim entender o que quer e atendê-la. ela continua gostando muito de balada, novidade e gente diferente. eu morro de orgulho de sair com a princesa e vê-la se divertindo com outros que não eu. brincando ela conquista a todos e eu não me canso de ouvir que sou uma boa mãe, porque minha filha é uma criança contente, risonha e linda.